Percy Jackson | Rick Riordan publica carta onde defende escalação de Leah Jeffries; confira a tradução!
Rick Riordan, autor de "Percy Jackson e os Olimpianos", publicou uma carta onde defende escalação de Leah Sava Jeffries para o papel de Annabeth Chase.
Desde as etapas iniciais de pré-produção da série, o autor e produtor Rick Riordan tem compartilhado em seu site oficial algumas publicações sobre o andamento da série. Após um post com diversas atualizações divulgado no último domingo, o escritor quebrou sua rotina para falar sobre um assunto que tem estado em alta recentemente: a escalação de Leah Sava Jeffries como Annabeth Chase.
Como relatamos na manhã de hoje, a atriz de 12 anos tem sido vítima de ataques em suas redes sociais. E mesmo com o apoio massivo dos fãs de “Percy Jackson” – que mobilizam campanhas como a #PJOCastDeservesRespect – e com o suporte constante dos Riordan e da equipe da Disney, algumas dessas ofensas desproporcionais têm chegado diretamente à garota.
Na publicação mais recente do seu site, Rick Riordan pediu a seus seguidores que parassem com os ataques, repensassem sobre os motivos que os levam a reprovarem a atriz e como essas ações vão de encontro a tudo que “Percy Jackson e os Olimpianos” tenta ensinar. Confira, a seguir, a tradução da carta de Riordan:
Leah Jeffries é Annabeth Chase
Essa publicação é especialmente para aqueles que têm um problema com a escalação de Leah Jeffries como Annabeth Chase. É triste que publicações como essa precisem ser escritas, mas elas precisam. Primeiro, me permitam esclarecer que estou falando aqui apenas por mim mesmo. Esses pensamentos são apenas meus. Eles não necessariamente refletem ou representam opiniões de qualquer parte da Disney, da série de TV, da equipe de produção, ou da família Jeffries.
A resposta à escalação de Leah tem sido extremamente positiva e alegre, como deveria ser. Leah traz tanta energia e entusiasmo para esse papel, tanta força da Annabeth. Ela será um modelo para novas gerações de garotas que verão nela a heroína gentil que elas querem ser.
Se você tem algum problema com essa escalação, contudo, fale comigo. Você não tem ninguém mais para culpar. Seja lá o que você aprenda com esse post, nós devemos ser capazes de concordar que praticar bullying e assediar uma criança online é indesculpavelmente errado. Por mais forte que Leah seja, por mais que nós já tenhamos discutido o potencial desse tipo de reação e a intensa pressão que esse papel trará, os comentários negativos que ela tem recebido online estão fora de linha. Eles precisam parar. Agora.
Eu fui muito claro há um ano, quando nós anunciamos nossa primeira escalação aberta, que nós estaríamos seguindo as políticas de companhia e de não-discriminação da Disney: Nós estamos comprometidos por um elenco diverso e inclusivo. Para todos os papéis, por favor submetam-se atores qualificados, sem restrições de deficiência, gênero, raça e etinia, idade, cor, origem natural, orientação sexual, identidade de gênero ou qualquer outra base proibida por lei. Nós fizemos isso. O processo de escalação foi longo, intenso, massivo e exaustivo.
Eu tenho sido claro, como autor, que estou procurando pelos melhores atores para habitar e dar vida às personalidades desses personagens, e que aparência física é algo secundário para mim. Nós fizemos isso. Nós levamos um ano para guiar esse processo e encontrar os melhores entre os melhores. Esse trio é o melhor.
Leah Jeffries é Annabeth Chase.
Alguns de vocês aparentemente se sentiram ofendidos ou exasperados quando suas objeções foram tidas como racistas online. “Mas eu não sou racista”, vocês dizem. “Não é racismo querer um ator que corresponde às descrições do livro sobre a personagem!”.
Vamos examinar essa colocação.
Você está chateado/desapontado/frustrado/nervoso porque uma atriz negra foi escalada para interpretar uma personagem que é descrita como branca nos livros. “Ela não parece como eu sempre imaginei”.
Você também não está ciente, ou descartou, os anos de trabalho duro de Leah aprimorando seu ofício, seu talento, sua tenacidade, seu foco, sua presença de tela. Você se recusa a acreditar que sua seleção tenha sido baseada no mérito. Sem que tenha a visto interpretando o papel, você a pré-julgou (pré + julgou = preconceito) e decidiu que ela foi contratada apenas para preencher uma cota ou cumprir um requisito de diversidade. E a propósito, essas críticas vieram de todos os espectros políticos, direita e esquerda.
Você decidiu que eu não poderia dizer o que sempre disse: que a verdadeira natureza dos personagens residem em suas personalidades. Você achou que eu devo ter sido coagido, submetido a lavagem cerebral, ludibriado, ameaçado, ou qualquer coisa. Ou que como um autor branco, eu nunca teria escolhido uma atriz negra para papel dessa garota canonicamente branca.
Você se recusou a acreditar em mim, o cara que escreveu os livros e criou esses personagens, quando eu digo que esses atores são perfeitos para esses papeis por causa do talento que eles trazem e da maneira como eles utilizaram suas audições para expandir, melhorar e eletrizar as falas que lhes foram dadas. Uma vez que vocês assistirem Leah como Annabeth, ela será exatamente da maneira como vocês veem Annabeth, assumindo que você a dê a chance, mas você se recusa a acreditar que isso possa ser verdadeiro.
Você está julgando a adequação dela para esse papel unicamente e exclusivamente pela aparência. Ela é uma garota negra interpretando alguém que é descrita como branca nos livros.
Amigos, isso é racismo.
E antes que você recolha à velha reação instintiva – “Eu não sou racista!” – vamos examinar essa declaração também.
Se eu puder citar um excelente artigo recente do Boston Globe sobre o Dr. Khama Ennis, que criou um programa sobre preconceito implícito para o Quadro de Registros Médicos de Massachusetts, em Boston: “Dizer que uma pessoa não tem preconceito é dizer que uma pessoa não é humana. É como nós navegamos pelo mundo… baseado no que nos é ensinado e em nossas histórias pessoais”.
Racismo/colorismo não é algo que nós temos ou não temos. Eu tenho. Você tem. Nós todos temos. E não apenas pessoas brancas como eu. Todas as pessoas. Ou é algo que nós reconhecemos e tentamos trabalhar, ou é algo que negamos. Falar “Eu não sou racista!” é simplesmente declarar que você nega seus próprios preconceitos e se recusa a trabalhar com eles.
A mensagem principal que Percy Jackson sempre expôs é que a diferença é força. Existe poder na pluralidade. As coisas que nos distinguem um dos outros são muitas vezes marcas e grandeza individual. Você não deveria, nunca, julgar alguém por como eles se encaixam em noções pré-concebidas. A criança neurodivergente que falhou em seis escolas, inclusive, pode ser o filho de Poseidon. Qualquer um pode ser herói.
Se você não entendeu isso, se você ainda está nervoso com a escalação desse trio maravilhoso, então não importa quantas vezes você leu o livro. Você não aprendeu nada com eles.
Assista à série ou não. É sua escolha. Mas essa será a adaptação da qual tenho orgulho, e que honra completamente o espírito de Percy Jackson e os Olimpianos, pegando a história de ninar que eu contei para meu filho há vinte anos atrás para fazê-lo sentir-se melhor sendo neurodivergente, e melhorando-a para que todas as crianças ao redor do mundo possam continuar a se enxergarem como heróis do Acampamento Meio-Sangue.
Rick Riordan
CONFIRA Também:
Percy Jackson | Leah Sava Jeffries é a escolha perfeita para Annabeth e nós podemos provar
O que você achou das palavras de Rick Riordan sobre a escalação de Leah Sava Jeffries para o papel de Annabeth Chase? Compartilhe suas opiniões com a gente, e para mais informações sobre a produção de “Percy Jackson e os Olimpianos“, fiquem sempre ligados aqui e nas páginas oficiais do Sobre Sagas!
Fonte: Rick Riordan