Sobreviventes de “A Sociedade da Neve” enfrentaram escrutínio da mídia após canibalismo ser descoberto
A necessidade do canibalismo para a sobrevivência dos resgatados de "A Sociedade da Neve" foi um assunto sensacionalizado pela imprensa.
O filme A Sociedade da Neve traz o relato emocionante sobre o avião que em 1972, caiu nos Andes, matando diversos passageiros e deixando sobreviventes que precisariam enfrentar desafios e tomar decisões impensáveis para qualquer pessoa para garantir a sobrevivência, como o canibalismo.
A notícia de que isso aconteceu, no entanto, chegou à mídia de uma forma muito ruim na época, e levou tempo e debate para que a sociedade entendesse de verdade o que os sobreviventes precisaram passar para chegarem a essa escolha extrema.
Burburinhos iniciais sobre canibalismo colocava sobreviventes de “A Sociedade da Neve” como criminosos
A questão sobre o fato de os sobreviventes do acidente terem se alimentado dos restos mortais de seus companheiros, começou a circular na mídia apenas alguns dias após o resgate.
A suspeita é que alguém da equipe de resgate começou o boato para a impressa.
Segundo o burburinho que passou a ser frequente em Montevidéu, os sobreviventes teriam assassinado alguns companheiros de equipe para cometer o ato de canibalismo.
Frente a essas histórias horríveis, iniciou-se uma grande preocupação já que as famílias das pessoas que não sobreviveram poderiam acreditar nas mentiras.
Dias depois das primeiras notícias serem publicadas em jornais do Brasil, Argentina e outros países, alguém entregou uma foto de restos mortais que serviria como prova do relato ao jornal do Chile, El Mercúrio, que acabou abordando o tema de maneira sensacionalista.
Por alguns dias, muitos sobreviventes preferiram não tocar no assunto sempre que ele era abordado, mas com cada vez mais jornais e revistas os colocando como canibais e dando uma versão inverídica da história, Carlos Páez, Roberto Canessa e outros rapazes, decidiram se pronunciar oficialmente sobre o acontecimento.
Assim, no dia 28 de dezembro de 1972, em uma coletiva de impressa, Pancho Delgado abordou o assunto pela primeira vez e felizmente, foi compreendido pela maior parte do público e impressa presente. Em suas palavras de admissão sobre o ocorrido, Pacho disse:
“Chegou aquele momento em que não tínhamos mais comida ou coisas assim e pensamos: Se Jesus na Última Ceia distribuiu seu corpo e sangue a todos os seus apóstolos, ele estava nos dando a entender que deveríamos fazer o mesmo. Pegue seu corpo e sangue, que se encarnou. E isso foi uma comunhão íntima entre todos nós, foi o que nos ajudou a sobreviver. E foi uma dedicação de cada um.[…]
Para vocês, que são o nosso próprio país, dizemos isso como deveria ser. Mas isso deve ser interpretado e tomado em sua verdadeira dimensão, e você tem que pensar em quão grandes eram aqueles meninos.”
As palavras emocionadas de Pancho apaziguou os ânimos da imprensa, e apesar do fato ter aberto debates ao longo dos anos sobre o uso de carne humana em situações extremas para a sobrevivência, os sobreviventes não foram mais alvo de críticas.
A recepção das famílias dos falecidos
Ao contrário da mídia, as famílias dos falecidos que haviam servido como forma de sobrevivência para os 16 resgatados, souberam o que aconteceu desde o primeiro momento.
Após a conferência de impressa onde os jovens admitiram ter consumido carne humana, muitas das famílias se pronunciaram demonstrando o total apoio aos jovens resgatados.
Logo após a coletiva, o pai de Carlos Valeta, uma das vítimas do acidente, demonstrou toda a compreensão sobre a decisão que os meninos salvos, amigos de seu filho, precisaram tomar e disse à imprensa:
“Vim aqui com a minha família porque queríamos rever aqueles que foram amigos do meu filho e porque, sinceramente, estamos felizes por eles estarem entre nós. Na verdade, estamos felizes por haver quarenta e cinco pessoas no avião, porque isso ajudou dezesseis a retornar.
Quero acrescentar também que soube desde o primeiro momento o que hoje foi confirmado. Como médico compreendi imediatamente que ninguém poderia ter sobrevivido num tal lugar e sob tais condições sem recorrer a decisões corajosas. Agora que tenho a confirmação do ocorrido, repito: Graças a Deus foram quarenta e cinco porque assim dezesseis famílias recuperaram seus
meninos.” disse o médico durante a coletiva.
A Sociedade da Neve da Netflix, está sendo divulgada pelos familiares de sobrevivente e vítimas como o relato mais preciso do que realmente aconteceu nos terríveis dias que se seguiram ao acidente. O filme já está disponível no streaming.
Fonte: Sociedade de La Nieve
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