A Favorita, final explicado do filme: O que a cara de desgosto de Anne e Abigail significa?
"A Favorita" chegou recentemente à Netflix, e apesar do sucesso, seu final cheio de simbolismo pode ser um pouco confuso. Entenda.
Em A Favorita, filme indicado ao Oscar que entrou recentemente no catálogo da Netflix, o público acompanha uma trama intensa de manipulação e desejo pelo poder na corte da Rainha Anne, interpretada por Olivia Colman (papel, aliás, que lhe rendeu o Oscar). O final de A Favorita, no entanto, pode ter deixado uma dúvida na mente do espectador já que, de maneira geral, não demonstra muita “felicidade”, mesmo que uma das partes tenha conseguido exatamente o que desejava.
Sob o olhar do diretor Yorgos Lanthimos, o drama histórico se desenrola, apresentando uma batalha entre Lady Sarah (Rachel Weisz) e sua prima Abigail (Emma Stone), duas mulheres determinadas a serem a “favorita” da rainha, porém, quando finalmente uma delas consegue, sua reação é bem diferente do esperado.
Confira a seguir uma explicação simples sobre o final do filme que se tornou um sucesso no catálogo da Netflix.
O enredo de “A Favorita”
Em A Favorita, Abigail é inicialmente retratada como uma jovem que caiu em desgraça após sua família passar por perdas financeiras. Assim, ela busca de maneira ardilosa retomar seu lugar de destaque na sociedade ao chegar ao palácio de Anne como empregada.
Em pouco tempo, Abigail trava uma batalha com sua prima, Sarah, favorita e amante de Anne, para conseguir cair nas graças da monarca. Assim, as duas mulheres passam a tramar uma contra a outra, sempre com o objetivo de crescer em suas posições e estabelecer suas influências sobre a rainha.
Final explicado de “A Favorita”: Abigail realmente ganhou algo?
No final de A Favorita, Lady Sarah acaba sendo envenenada por Abigail, fato que a faz desmaiar na floresta e perder parte do evento no tribunal onde Anne aguardava por seu apoio.
Cheia de ódio pela prima ardilosa, Sarah retorna ao tribunal e exige que Anne expulse Abigail do palácio, do contrário ela ameaça revelar publicamente seu relacionamento secreto com Anne por meio das cartas polêmicas da rainha para ela.
A ameaça, obviamente, se torna um grande tiro no pé, já que Anne decide exilar Sarah da corte.
Depois de entender que fez uma jogada idiota, Sarah volta atrás, mas é tarde demais, já que sua carta de desculpas à rainha nunca chega à Anne, com Abigail queimando a correspondência.
Então, após uma batalha astuciosa e cheia de reviravoltas, imaginamos que Abigail alcançou seu objetivo, certo? Bem, o final de A Favorita nos deixa com um vislumbre inquietante da realidade por trás do poder e da influência “conquistada” pela ex-serviçal.
Na cena, após flagrar Abigail maltratando um de seus preciosos coelhos, Anne ordena que Abigail massageie sua perna inflamada, algo que parece mais um castigo do que um ato de intimidade. No final, os rostos de ambas, carregados de desgosto, indicam que aquele é um momento de pesarosa revelação para Abigail.
Ela destaca que, por mais que tenha calculado cada passo para subir na hierarquia da corte, o máximo que conseguiu foi se reduzir a um novo status de servidão. Para Anne, claramente Abigail vale menos do que seus 17 coelhos – cada um representando os filhos que a rainha perdeu.
O brilhantismo do diretor Lanthimos se manifesta ao sobrepor as imagens do rosto sofrido de Anne e Abigail à visão dos coelhos.
A troca anterior de diálogos entre Lady Sarah e Abigail revela uma compreensão distorcida do jogo de poder na qual Abigail se inseria: ela nunca percebeu que o afeto e a lealdade possuíam papéis cruciais na sua disputa com Sarah, e não pensou muito em como poderia ser sua vida a partir do momento que chegasse ao poder que tanto desejava.
O desfecho nos conta que, apesar das manipulações e amor pelo poder, o que importava para Sarah também era a conexão humana verídica, algo que Anne valorizava mesmo em meio a suas fraquezas e necessidades. Ao contrário, Abigail, que nunca nutriu reais sentimentos de afeto pela rainha, termina como uma mera sombra ao lado de Anne, detentora de um poder superficial que não lhe rendeu respeito, amor ou mesmo controle sobre a Rainha.
Anne, isolada, percebe ter perdido a única pessoa que realmente se importava e podia cuidar dela, e em troca, ganhou a companhia fria de alguém movido puramente pela sede de ascensão social.
Assim, a cena final de A Favorita mostra que Abigail apenas assumiu a posição de mais um animal de estimação da rainha, enquanto para Anne a presença da mentirosa serviçal marca a lembrança da perda da única amiga/amante que realmente já nutriu algum sentimento verdadeiro por ela.
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