“As Linhas Tortas de Deus” tem final confuso que só é possível entender NESTE lugar!
"As Linhas Tortas de Deus" tem um final extremamente confuso, mas que já foi esclarecido em um lugar. Entenda o real final da protagonista.
As Linhas Tortas de Deus se tornou um dos filmes mais comentados da Netflix nos últimos dias, e conferindo sua trama isso não é para menos.
O longa espanhol é um thriller de roer as unhas sobre distúrbios psiquiátricos que brinca com as certezas do público à medida que coloca em dúvida as motivações apresentadas inicialmente por sua protagonista.
Esse “nó” formado na mente do público se torna a cereja do bolo com o final do filme. Isso porque, quando tudo parece ter sido explicado, uma reviravolta nos instantes finais devolve o espectador ao limbo da confusão, obrigando cada um a tirar as próprias conclusões sobre “a verdade” da história.
Dirigido por Oriol Paulo, o que alguns espectadores podem não saber é que o longa é baseado em um clássico contemporâneo da literatura espanhola. E, para a felicidade geral na nação, o livro tem um desfecho muito mais conclusivo e claro do que o acabou encerrando a produção da Netflix.
Ficou curioso(a)? Então confira os próximos parágrafos onde amarramos as pontas deixadas soltas em As Linhas Tortas de Deus, e te contamos exatamente como a história de Alice acaba no final do livro.
O desfecho aberto do filme
ATENÇÃO, spoilers do final do filme a seguir.
Diversos comentários relacionados ao novo filme da Netflix dizem respeito a seu final inconclusivo.
Contextualizando, As Linhas Tortas de Deus começa com Alice (Barbara Lennie) sendo levada por um senhor idoso até a clínica psiquiátrica onde será internada.
Os médicos do lugar acreditam que Alice está ali porque tentou matar o marido envenenado, e esse, com o aval do médico psiquiatra dela, decidiram por sua internação legal.
Ao público, no entanto, é apresentada a verdade da personagem como sendo na realidade uma investigadora que foi contratada pelo pai de um paciente que acabou morto na instituição. Acreditando que o caso é na verdade, um homicídio encoberto, Alice se interna com o objetivo de investigar o suposto assassinato.
E assim o enredo segue, até o ponto em que Alice é tida realmente como uma doente mental, mas tem certeza que tudo não passou de uma conspiração de seu marido para ficar com seu dinheiro.
Com isso, ela convence todos os médicos da instituição de que foi vítima de um golpe, menos o diretor do lugar.
Assim, no final do filme, o público é confrontado com a chegada do então médico pessoal de Alice que aparece no julgamento que deve livrá-la do internamento. O problema, é que o médico ( é o mesmo homem que durante o longa é mostrado como sendo o contratante dos serviços de investigadora da misteriosa mulher.
Com essa chegada dramática, o filme termina sem explicar se, afinal, Alice foi mesmo vítima de uma conspiração ou se ela era apenas mais uma doente paranoica que fantasiou toda sua história.
Livro dá final conclusivo para a história de Alice
Los Renglones Torcidos de Dios (As Linhas Tortas de Deus) é um livro de 1979 escrito por Torcuato Luca de Tena, um importante romancista e jornalista espanhol.
No livro, a história de Alice é praticamente a mesma, incluindo os personagens com quem ela passa a conviver no sanatório e as reviravoltas de seu caso. O desfecho, no entanto, é um pouco diferente do que acontece no filme.
Na obra literária, o médico psiquiatra pessoal de Alice, Dr. Donadío, não chega a aparecer na reunião do conselho médico que decide dar alta à personagem.
Os médicos do conselho realmente liberam Alice da internação, porém, uma investigação aprofundada de seu caso é iniciada por uma detetive. É ela quem consegue contato com Donadío, e ele explica que Alice realmente é uma doente paranoica.
A verdade é que Alice se casou com Heliodoro por amor, mas aos poucos foi percebendo que o marido só se interessava por seu dinheiro. Aos poucos, a vida de Alice ao lado do marido foi se tornando insustentável, com Heliodoro se apossando de seus bens e a enlouquecendo no processo.
Assim, Alice tentou mesmo envenenar o marido, que em contrapartida, chamou o Dr. para tratá-la na casa de ambos.
Donadío conta à investigadora que após saber do caso do jovem que cometera suicídio no sanatório, Alice passou a chamá-lo de Sr. García del Olmo. Com isso, o médico entendeu que ela estava criando uma versão própria para os fatos de sua vida, que lhe permitisse aceitar com mais facilidade sua iminente internação no hospício.
Com a verdade exposta, no livro, o conselho médico se reúne novamente para mais uma vez votar o futuro de Alice.
A conclusão dos médicos no entanto é que, como o gatilho da paranoia de Alice era o marido, e esse já não faria mais parte da vida dela, as condições possibilitariam que a mulher levasse uma vida normal, fora da instituição. Assim, mais uma vez, o conselho decide pela liberdade da personagem.
A reviravolta do livro, no entanto, surge com a decisão da própria Alice.
Após sair do sanatório e se dar conta de toda a verdade, a personagem entra em pânico ao descobrir que realmente perdeu o controle de sua faculdades mentais. Com isso, Alice percebe que não está pronta para lidar com sua recém-descoberta doença sozinha.
Assim, por conta própria Alice decide voltar a viver no sanatório, agora como uma paciente consciente de seu problema.
Para escrever As Linhas Tortas de Deus, Luca de Tena decidiu se internar voluntariamente em uma instituição de cuidados mentais. Por lá o autor permaneceu durante 18 dias, analisando comportamentos de pacientes e médicos, nos quais baseou vários de seus personagens.
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E então, o que você achou desse final conclusivo de As Linhas Tortas de Deus? Gostou da versão da Netflix? Conta para a gente aqui nos comentários!