“Conclave” chegou na Amazon. O que é a histerectomia?
"Conclave", indicado ao Oscar em 2025, chegou à Amazon Prime e o assunto "Histerectomia Laparoscópica" fez muita gente coçar a cabeça. Entenda
O suspense político Conclave finalmente chegou ao catálogo da Amazon Prime Video — e não demorou para virar um dos filmes mais assistidos da plataforma, porém a chamada histerectomia laparoscópica acabou se tornando a grande questão do filme. Afinal, o que é?
Estrelado por Ralph Fiennes no papel do cardeal Thomas Lawrence, Conclave começa com a morte inesperada do fictício Papa Gregório XVII. A partir daí, a tensão cresce a cada rodada de votos para escolher o novo Papa — e o que parece um drama religioso convencional se transforma em uma história carregada de intrigas e um final chocante.
Mas se você, assim como muita gente, ficou se perguntando o que exatamente significou o final de Conclave e a cirurgia citada, nós vamos te explicar.
O que é a histerectomia laparoscópica citada no final chocante de “Conclave”?

Se você já assistiu ao filme, sabe que o desfecho muda completamente a percepção sobre tudo o que aconteceu antes. Caso não tenha visto, aqui vai um aviso de spoiler.
Depois de muita tensão política e religiosa, o cardeal mexicano Vincent Benítez é eleito o novo papa, adotando o nome de Inocêncio. Mas logo após a decisão do Conclave, Lawrence descobre que Benítez havia cancelado uma cirurgia marcada na Suíça: uma histerectomia laparoscópica.
A surpresa? Essa é uma cirurgia ginecológica, usada para retirar o útero e, em alguns casos, o colo do útero.
A revelação que vem em seguida é ainda mais impactante: Benítez é uma pessoa intersexo.
Embora tenha sido criado como homem, foi durante uma cirurgia de apendicite que ele descobriu possuir útero e ovários — órgãos reprodutivos internos normalmente presentes apenas em corpos femininos.
Isso o coloca em uma posição delicada, especialmente dentro da doutrina católica, que não permite que mulheres sejam ordenadas sacerdotes, muito menos papas.
A histerectomia laparoscópica é um procedimento feito por pequenas incisões no abdômen, com o auxílio de uma câmera que permite ao cirurgião visualizar o interior do corpo em um monitor. A retirada do útero costuma ser feita pela vagina, e quando o órgão é muito grande, pode ser necessário usar uma técnica que fragmenta o útero em partes menores.
A cirurgia é a segunda mais realizada no mundo, atrás apenas da apendicectomia.
No caso de Benítez, a cirurgia foi planejada como forma de alinhar seu corpo com a identidade que esperava corresponder às exigências da Igreja. Mas ele desistiu no último momento.
Em um dos diálogos mais intensos do filme, ele diz a Lawrence: “Parecia mais pecado mudar a obra Dele do que manter meu corpo como está. Eu sou como Deus me fez.”
O impacto do diálogo final não está apenas na revelação, mas na maneira como ele desmonta a ideia de certezas absolutas sobre gênero e identidade dentro de uma instituição milenar.
Lawrence escuta, pondera e opta por guardar o segredo — uma escolha que fecha o filme com mais humanidade do que dogma.
Conclave já é um dos filmes mais assistidos na Amazon Prime

Desde que chegou ao streaming, Conclave não saiu do radar dos cinéfilos.
Com roteiro de Peter Straughan e baseado no livro de Robert Harris, o filme venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e foi indicado em outras sete categorias, incluindo Melhor Filme.
Também teve destaque no Globo de Ouro e dominou as indicações do BAFTA.
A crítica foi bastante receptiva, com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Ralph Fiennes lidera a produção com sobriedade como Lawrence, o mediador moral entre tradição e progresso. Stanley Tucci vive Bellini, o progressista que defende mais inclusão na Igreja. Sergio Castellitto interpreta Tedesco, um ultraconservador que deseja reviver as missas em latim.
Lucian Msamati, no papel de Adeyemi, sonha em se tornar o primeiro papa africano da história. John Lithgow assume o papel de Tremblay, um moderado com ambições escondidas. Já o mexicano Benítez, interpretado por Carlos Diehz, entrega uma performance decisiva, especialmente no terceiro ato.
Longa é alvo de polêmicas religiosas desde o lançamento
O longa não escapou de polêmicas. Grupos e líderes católicos criticaram duramente a representação da Igreja no filme.
A organização Liga Católica dos EUA afirmou que Conclave seria “mais uma peça de propaganda anticatólica do que uma obra de arte”. O bispo Robert Barron classificou a trama como “um viveiro de ambição, corrupção e egoísmo”.
Apesar disso, alguns setores da Igreja destacaram pontos positivos, como o debate sobre o papel das mulheres no clero e a importância da dúvida na fé.
O próprio diretor Edward Berger afirmou que “a controvérsia pode ser saudável”.
No final, Conclave não pretende entregar respostas prontas. Seu valor está em abrir espaço para questionamentos.