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Downton Abbey: 6 erros históricos que a série cometeu, apesar da qualidade

"Downton Abbey" é uma das série favoritas de muita gente, mas não conseguiu fugir de algumas imprecisões históricas. Confira algumas.


Downton Abbey, sucesso indiscutível de crítica e público, mergulhou telespectadores nas intrincadas vidas da família aristocrática Crawley e seus empregados durante as duas primeiras décadas do século XX.

Apesar de seu louvável detalhismo e cuidado com a produção, a série não está imune a erros históricos. Alguns deslizes, que variam desde nuances de relacionamentos interpessoais até eventos de larga escala, como guerras e epidemias, merecem uma análise detalhada para entender onde a linha entre o drama épico e a precisão histórica foi ofuscada.

A situação de saída da Primeira Guerra Mundial

O envolvimento na Primeira Guerra Mundial é um ponto marcante tanto dos Crawleys quanto dos empregados. No entanto, a série toma liberdades com respeito às políticas de licença da época.

Matthew Crawley é visto retornando a Downton Abbey com uma regularidade que não reflete as limitadas licenças concedidas aos soldados, que geralmente eram premiados com apenas poucos dias de descanso após extensos períodos na linha de frente.

Crawleys muito progressistas

Downton Abbey imprecisões históricas

Os Crawleys, eixo central dos enredos de Downton Abbey, são frequentemente retratados como surpreendentemente liberais e progressistas, especialmente em sua relação com os empregados do grande estado.

Esta representação desafia a realidade do rígido sistema de classes do início do século XX na Grã-Bretanha. A aristocracia da época normalmente mantinha uma distância significativa de seus criados, raramente atravessando as barreiras sociais para relações tão cordiais quanto as apresentadas na série.

A ficção parece ter suavizado tanto a indiferença da nobreza, quanto as condições muitas vezes árduas dos empregados, pintando um quadro mais agradável, porém menos autêntico.

Os radicais irlandeses nunca tentaram assassinar o Rei George V

A tensão entre a Irlanda e a Grã-Bretanha constituiu uma realidade complexa nas primeiras décadas do século XX. No entanto, o longa-metragem que deu continuidade à série em 2019 criou um enredo no qual radicais irlandeses tramam o assassinato do Rei George V durante uma visita ao Downton Abbey.

Historicamente, não há registros de tal tentativa e, na época, a Irlanda estava mais imersa em sua própria guerra civil e crises internas do que investindo em conspirações contra a monarquia britânica.

A homossexualidade de Thomas Barrow não é tratada de forma realista

O mordomo Thomas Barrow é o único personagem gay na narrativa de Downton Abbey. Enquanto a série merece reconhecimento por abordar a homossexualidade naquela época, a representação parece incompleta.

Na realidade, existia uma cultura gay clandestina e culturalmente rica, mesmo frente à ilegalidade. Thomas poderia ter feito parte dessa rede social vibrante, ao contrário de seu relativo isolamento apresentado no show.

Lady Sybil deveria ter vivido

O dramático falecimento de Lady Sybil Crawley de eclâmpsia foi um dos pontos mais emocionantes na narrativa. Contudo, é importante observar que na década de 1920 já existia o conhecimento e tratamentos para a condição, particularmente o uso do sulfato de magnésio.

Condições ideais de cuidado médico tornariam sua morte em Downton Abbey improvável, o que coloca a decisão do enredo mais no campo da dramaticidade do que na adesão à realidade médica da época.

A epidemia de gripe espanhola foi muito pior

Quando a “gripe espanhola” atinge a trama, ela é tratada de maneira atenuada, quase como uma trivialidade, ao invés da devastadora pandemia que foi.

A série não representa devidamente o impacto avassalador da doença na sociedade da época nem menciona as medidas preventivas que teriam sido noticiáveis. Esta imprecisão subestima um evento que ceifou milhões de vidas e teve consequências sociais e econômicas globais.

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Formada em Marketing e pós-graduada em Literatura, é uma apaixonada por romances "baratos", amante de filmes e séries de ficção científica e que decidiu que a terceira trilogia de Star Wars nunca existiu.