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Einstein e a Bomba da Netflix: Todos os fatos são reais? Teve algo inventado?

Conheça um pouco mais da história de Albert Einstein e a bomba atômica, que está sendo contada através de um documentário da Netflix.


Einstein e a Bomba (Divulgação / Netflix)
Einstein e a Bomba (Divulgação / Netflix)

Quando pensamos em Albert Einstein, a imagem que vem à mente é a do cientista brilhante, com cabelos desalinhados e a famosa equação E=mc².

No entanto, o novo documentário da Netflix, Einstein e a Bomba, busca retratar uma faceta mais intimista e complexa do físico teórico, focando na turbulência causada pelas implicações de sua descoberta científica e sua relação com as armas nucleares.

O público agora pode se aprofundar na mente de Einstein e examinar os momentos cruciais que desencadearam eventos que mudariam o mundo para sempre. Mas até que ponto essa trama se alinha com a verdade histórica?

A história por trás de Einstein e a Bomba

Além de realizar uma crônica dos conflitos internos de Einstein frente à terrível potência da energia nuclear, o docudrama Einstein e a Bomba nos leva a uma jornada pela vida do físico após escapar do regime nazista.

Seu papel inadvertido na corrida armamentista nuclear é detalhado, esclarecendo como o conhecimento científico pode ser transformado em ferramenta para a guerra.

O próprio Einstein, no trailer da produção, expressa a reflexão de que poderia ter escolhido um caminho diferente se tivesse previsto a incapacidade alemã de construir a bomba atômica.

A situação de Einstein

De acordo com o site Esquire, a situação de Einstein na Alemanha de 1933 era, de fato, a de um homem caçado. Perseguido pelo fato de ser judeu e humilhado por supostamente disseminar “propaganda” contra Adolf Hitler, Einstein enfrentou uma vida em perigo.

Isso o levou a buscar refúgio com sua esposa Elsa, inicialmente na Inglaterra, após um incidente aterrorizante onde sua casa foi invadida. Einstein nunca mais pisou em solo europeu continental, o que marca um ponto crucial em sua vida e trajetória profissional.

Segundo o roteirista Philipe Ralph: “Antes disso, Einstein tinha sido um defensor declarado e apaixonado da não-violência e do pacifismo. Mas, no final dessas três semanas, ele fez um discurso para 10.000 pessoas no Royal Albert Hall, onde efetivamente disse que há uma ameaça existencial à civilização europeia, e teremos que combatê-la.”

Aidan McArdle como Albert Einstein em Einstein e a Bomba (Divulgação / Netflix)
Aidan McArdle como Albert Einstein em Einstein e a Bomba (Divulgação / Netflix)

A Bomba

Esse caminho o levou a colaborar, embora indiretamente, com a concepção da bomba atômica. Ao se encontrar com Robert Oppenheimer em Princeton, contribuiu para um alicerce teórico – embora seu relacionamento com Oppenheimer não fosse próximo inicialmente.

Já seu envolvimento com Leo Szilard, que compreendeu a reação nuclear em cadeia, culminou na advertência ao Presidente Roosevelt sobre os riscos do desenvolvimento de armas nucleares pela Alemanha. Foi essa correspondência, datada de agosto de 1939, que impulsionou os Estados Unidos a entrarem na corrida armamentista nuclear que resultaria no Projeto Manhattan.

Embora Einstein sugerisse etapas para a evolução da guerra nuclear em suas cartas, seu envolvimento no Projeto Manhattan foi limitado devido à recusa de uma autorização de segurança pelo Exército dos EUA. Sua influência, embora indireta, foi inegável na corrida que levou à criação da bomba atômica.

Einstein escreveu: “A liberação de energia atômica não criou um novo problema. Apenas tornou mais urgente a necessidade de resolver um já existente… Enquanto houver nações soberanas possuindo grande poder, a guerra é inevitável. Essa declaração não é uma tentativa de dizer quando a guerra virá, mas apenas que ela certamente virá. Esse fato era verdade antes da bomba atômica ser feita. O que mudou foi a destrutividade da guerra”.

Após a devastação causada pelas bombas sobre Hiroshima, Einstein viveu com um pesar visível pelo seu papel involuntário nas armas nucleares. Seu distanciamento do apelido de “pai da energia atômica” e o remorso expresso em uma carta a Linus Pauling, em 1954, enfatizam sua complexa relação com as consequências de suas descobertas.

Ao morrer em 1955, o físico poderia não ter simpatizado com a alcunha que lhe foi atribuída, mas a história o posicionou, para sempre, como um dos personagens centrais na narrativa da energia nuclear.

Por fim, Einstein e a Bomba da Netflix pode ser um meio de entretenimento, mas também serve como um convite à reflexão sobre a responsabilidade científica e ética.

No entanto, não se afasta integralmente dos fatos que moldaram o século XX. E como o próprio Einstein poderia ter contemplado, as verdades fundamentais existem sempre, independentemente de sua visibilidade.

Formado em Administração e Psicologia, e também fez curso de desenho. Fã de games, desenhos animados, séries e filmes.