Início » Filmes » Ela Disse – Relembre a história real que inspirou o filme e transformou Hollywood

Ela Disse – Relembre a história real que inspirou o filme e transformou Hollywood

"Ela Disse" chegou à Netflix trazendo à tela a investigação sobre os casos de abuso em Hollywood e essa é a história real que o inspirou.


Quando o escândalo envolvendo Harvey Weinstein explodiu em 2017, poucos imaginavam que aquela reportagem do New York Times se transformaria, anos depois, no longa-metragem Ela Disse, baseado nessa história real chocante.

A produção é uma dramatização fiel da jornada das jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey, responsáveis por uma das apurações mais impactantes da história recente do jornalismo.

Sobre o filme

Ela Disse filme história real

Lançado em 2022, Ela Disse adota o formato de thriller jornalístico, mas com foco emocional e humano.

Dirigido por Maria Schrader e roteirizado por Rebecca Lenkiewicz, o filme reconstrói a investigação liderada por Kantor e Twohey sem apelar para cenas explícitas de violência ou abusos.

A ideia era justamente mostrar o impacto psicológico e social da história, e não transformar o sofrimento em espetáculo visual.

O longa mergulha no universo da redação do New York Times, que inclusive serviu como locação real para as filmagens. No elenco, Zoe Kazan interpreta Jodi Kantor e Carey Mulligan vive Megan Twohey.

A história real por trás de Ela Disse

O filme é baseado no livro homônimo publicado por Kantor e Twohey em 2019. Mas a história por trás das câmeras é ainda mais impressionante.

Kantor e Twohey

Durante a apuração, as jornalistas enfrentaram um verdadeiro cerco de intimidação. Weinstein contratou empresas de espionagem — como a Kroll e a Black Cube — para vigiar repórteres e possíveis fontes, usando até ex-agentes de inteligência israelense para tentar manipular ou coagir denunciantes.

Entre as primeiras a colaborar com a investigação estavam três ex-assistentes da Miramax: Zelda Perkins, Rowena Chiu e Laura Madden.

Todas assinaram acordos de confidencialidade extremamente restritivos, mas, aos poucos, começaram a abrir caminhos para que a história viesse à tona. Foi Zelda quem forneceu aos jornalistas uma cópia de um desses acordos, quebrando uma barreira legal que mantinha as denúncias enterradas há anos.

Laura Madden, por sua vez, foi crucial. Quando recebeu o telefonema das repórteres, estava prestes a passar por uma cirurgia de reconstrução mamária, resultado de um tratamento contra o câncer. Mesmo assim, autorizou que seu depoimento fosse publicado.

Ela foi a única mulher, naquele momento, que topou ir a público sem um acordo de silêncio — um ato de coragem que selou a publicação da reportagem.

Rowena Chiu detalhou como Weinstein tentou abusá-la em um quarto de hotel e como, depois disso, ela foi obrigada a assinar o contrato de confidencialidade que a impedia até de conversar com terapeutas.

O contrato exigia que ela relatasse qualquer pessoa com quem tivesse falado sobre o caso. Isso mostra o nível de controle e silenciamento que envolvia as vítimas.

Outro episódio retratado no filme envolve a tentativa de Weinstein de manipular Jodi Kantor, propondo uma conversa “judeu para judeu”. Para ela, a abordagem soou como uma tentativa ofensiva e desesperada de apelar para laços culturais, numa tentativa de dissuadi-la da apuração.

O trabalho das jornalistas contou ainda com a ajuda discreta de figuras conhecidas de Hollywood.

Lena Dunham e Jenni Konner contribuíram com contatos e informações que levaram até nomes como Gwyneth Paltrow, que, apesar de não aparecer no filme, empresta sua voz em uma das cenas. Já Rose McGowan surge apenas por telefone, com voz dublada por outra atriz, por questões legais.

A participação de sobreviventes também foi essencial para dar legitimidade à produção. A atriz Sarah Ann Masse, por exemplo, aparece em um papel coadjuvante.

Segundo a diretora Maria Schrader, a presença dessas mulheres foi um “pilar emocional e ético” do filme, garantindo que Ela Disse foi o mais fiel possível à triste história real que o inspirou.

Formada em Marketing e pós-graduada em Literatura, é uma apaixonada por romances "baratos", amante de filmes e séries de ficção científica e que decidiu que a terceira trilogia de Star Wars nunca existiu.