“Farol da Ilusão” explicação: O que é real e o que não é no novo sucesso da Netflix?
"Farol da Ilusão" é aquele tipo de filme que precisamos de explicação quando acaba. Veja a nossa análise sobre o é ou não real na narrativa.
O novo thriller psicológico Farol da Ilusão, chegou à Netflix na última sexta-feira (24) com uma história cheia de simbolismo e que pode precisar de uma explicação para ser compreendida melhor.
O filme desafia o público a distinguir o que é realidade e o que é fruto da imaginação de seus personagens, tudo isso para exemplificar como funciona a cabeça de crianças que convivem com traumas de guerra.
Enredo de “Farol da Ilusão”

A história começa com Jana, uma garotinha de uns 10 anos, e sua família — sua mãe Yasmine, seu pai Nabil e seu irmão mais velho Adam — vivendo em um farol em uma ilha remota.
Diariamente a família espera que alguém os venha resgatar da ilha, e quando isso não acontece, tentam, sem sucesso, conseguir contato com a civilização através de um rádio.
Eles sobrevivem com porções mínimas de comida e água, e aos poucos, a esperança vai minguando.
Conforme a narrativa avança, as tragédias se acumulam. Nabil, o pai, fica gravemente ferido após um acidente no mar, quando tem a alucinação de um corpo com uma pequena sapatilha vermelha no fundo da água.
Yasmine, a mãe, em um ato de desespero ao achar que sua filha está se afogando, entra no mar para salvá-la, mas em seguida, observa Jana na praia e acaba por se afogar.
Após a morte da mãe, Nabil também acaba morrendo pouco tempo depois, deixando os filhos sozinhos, com Adam fazendo de tudo para proteger a irmã.

Após finalmente conseguir contato com o rádio e dar suas coordenadas, as crianças veem um navio no mar, e num ato de desespero para não deixá-lo ir embora, Adam entra no mar, mas nunca retorna.
No final do filme, com a ilha sendo engolida pelo mar, o topo do farol acaba se transformando em um bote salva-vidas, estranhamente semelhante ao pedaço de plástico que Jana encontrou embaixo de seu castelo de areia em dado momento do filme.
Ela flutua no oceano, enquanto tem alucinações do passado, até que é encontrada por uma equipe de resgate. Farol da Ilusão a deixa em uma situação ambígua e que precisa de explicação: afinal, seria o bote um meio real de sobrevivência ou uma construção de sua mente traumatizada?
Explicação de “Farol da Ilusão”: O que é real e o que não é?
Desde o início, Farol da Ilusão aborda como a imaginação pode ser usada como uma ferramenta de sobrevivência emocional, especialmente por crianças afetadas por traumas de guerra.
O filme também dá pistas de que, muito pouco dos acontecimentos é real, e que a maior parte do filme, é a maneira como Jana ressignificou as tragédias em sua vida, e encontrou um abrigo um pouco mais seguro dentro de sua mente.
A Ilha e o Farol: Realidade ou Construção Mental?
Tudo indica que o farol nunca existiu de verdade, e ele apenas representa um espaço imaginado por Jana, um mundo criado por sua mente para fugir da realidade brutal de sua vida em uma zona de guerra.

Em momentos-chave do filme, as transições entre a vida na ilha e flashbacks de um cenário destruído pela guerra indicam que a narrativa pode estar alternando entre a realidade e as construções mentais de Jana.
O bote sempre esteve ali
Em vários momentos do filme é sugerido que, na verdade, a família não estava esperando resgate em um ilha, e sim no bote salva-vidas (ou em um barco onde o bote estava armazenado para emergências).
Considerando o pano de fundo da história, sabemos que inúmeros imigrantes do Oriente Médio acabam se arriscando em botes, tentando atravessar o mar até outros países. Essas travessias, no entanto, podem acabar levando à mortes por afogamento, a forma como o pai, mãe e irmão de Jana morrem no filme.
Além disso, um pouco antes de morrer, o pai de Jana responde a Adam que “levou a família para lá com a ideia de salvá-los, de dar uma oportunidade aos filhos”, o que não faria nenhum sentido em uma ilha deserta, mas muito sentido em uma tentativa de chegar a um país livre da guerra.
Outro detalhe que sugere isso, são as amarrações com linhas e plástico em volta do Farol, que no final, aparecem exatamente da mesma forma no bote que carrega Jana.
A Morte de Yasmine
Um dos momentos mais marcantes do filme é o sacrifício de Yasmine, a mãe de Jana. A morte por afogamento da mãe pode ser real, e isso pode ter realmente ocorrido enquanto Yasmine tentava salvar Jana.

Mas o fato de a mãe ver a filha sã e salva na ilha, pode ser entendido ao contrário. Ao invés da visão de Yasmine, aquela na verdade era a visão de Jana, observando sua mãe morrer sem poder fazer nada para ajudá-la.
Quem foi Yara?
Yara, a irmã de Jana, desempenha um papel crucial na história, mesmo que de maneira indireta.
Ao longo do filme, são apresentados vislumbres do trauma que Jana carrega: Yara morreu em um bombardeio enquanto as duas estavam na escola. Esse evento traumático molda a maneira como Jana percebe a realidade, mas também está presente nas visões e flashbacks que a personagem experimenta.
O corpo com um sapato vermelho, encontrado pelo pai de Jana na ilha, é uma representação visual da memória de Yara. Em um dos momentos mais simbólicos do filme, Jana a vê em uma floresta imaginária, onde toda a sua família parece estar reunida, incluindo Yara.
Essa cena pode representar que Jana já estava a beira da morte antes de ser salva.
O Final de Jana: Fuga ou Imaginação?
No desfecho do filme, Jana é mostrada sozinha no bote, enquanto a ilha desaparece no oceano.
Isso pode ser entendido como: finalmente vemos a realidade da personagem, que teve seu “refúgio seguro” desmanchado quando a ajuda chega.
Dessa forma, como dissemos antes, o entendimento pessoal é de que sim, o bote e o salvamento de Jana são reais. Todo o resto, no entanto, foram frutos da imaginação da criança tentando encontrar uma forma de sobreviver até aquele momento.
Mas claro, a explicação de Farol da Ilusão é muito relativa e talvez você tenha entendido o filme de outro jeito.