Conheça ‘Identidade’, novo filme de época da Netflix! Vale a pena assistir?
"Identidade" estreou na Netflix e parece ser um candidato às premiações do ano que vem. Mas será que vale a pena vê-lo? Confira nossa opinião.
O filme Identidade estreou hoje (10) na Netflix, certamente como uma das apostas da plataforma para as premiação do ano que vem.
Com uma fotografia marcante em preto e branco, além de outros aspectos de imagem que remetem a produções do início do cinema, esse filme de época certamente chamará a atenção de parte do público. Mas, será que além dessa pegada “cult”, a história é daquelas que valem a pena ser vistas?
Veja o que achamos nos tópicos a seguir, além de detalhes sobre a produção desse longa.
Sobre Identidade
Na Nova York dos anos 20, uma afro-americana fica chocada ao encontrar uma velha amiga de infância e descobrir que ela vem se passando por uma mulher branca há anos, graças ao fato de ambas terem a pele mais clara.
Membras da classe média estadunidense, impasses entre às duas começam a surgir quando Renne (Tessa Thompson) tem dificuldades em aceitar que, além de negar suas origens, Claire (Ruth Negga) se casou com um bancário branco que faz questão de demonstrar seu racismo.
Tudo fica ainda mais complicado quando Claire passa a fazer visitas frequentes à casa da amiga em um bairro negro de Nova York, colocando sua falsa identidade, e sua vida, em risco.
Filme baseado em livro
Identidade é baseado no livro “Passing” da autora Nella Larsen, lançado em 1929.
A obra é considerada até hoje como um marco do chamado “renascimento do Harlem”, um dos bairros negros mais famosos dos Estados Unidos, e onde a autora viveu a maior parte de sua vida.
Amplamente debatido em ensaios acadêmicos, Passing foi tido como uma representação muito crua e realista do que era ser um afro-americano de descendência europeia nos Estados Unidos do início do século passado.
Produção
A pré-produção de Identidade começou em 2018, quando a atriz Rebecca Hall decidiu fazer sua estreia como diretora a partir do roteiro que havia criado baseado no romance de Nella Larsen.
Pouco tempo depois, as atrizes Ruth Negga e Tessa Thompson passaram a fazer parte do projeto, onde assumiriam os papéis das protagonistas Renne e Claire.
Em 2019 os atores Andre Holland e Alexander Skarsgard também foram escalados e foi revelado que o filme seria rodado em preto e branco.
As gravações foram iniciadas em novembro de 2019.
Diferente de outras obras, Identidade não era uma produção original da Netflix. O streaming adquiriu os direitos de distribuição do filme somente após sua estreia em janeiro de 2021 no Sundance Festival de Cinema.
Vale a pena assistir Identidade na Netflix
Um filme com uma história extremamente interessante e curiosa, colocada em uma fotografia linda, porém, que pode criar certo incômodo em alguns expectadores.
Identidade é com certeza um filme que vale a pena ser assistido e que possivelmente deve ganhar algum destaque nas premiações de cinema do ano que vem.
Com um debate principalmente interno entre as protagonistas, nessa obra vemos um viés pouco explorado sobre questões de identidade de raça quando não se é nem negro, nem branco, em uma sociedade onde tudo é muito definido.
Especialmente para os espectadores brasileiros, essa abordagem deve ser ainda mais interessante já que “ser mestiço” por aqui é a realidade da maioria da população, algo comum que passou a ser debatido há pouquíssimo tempo e apenas em rodas de conversa de nicho, muito mais acadêmicas do que de massa.
Para além disso, outro ponto que faz com que Identidade seja um ótimo filme é o seu elenco.
É visível durante todo o filme o impasse de emoções que a personagem de Thompson precisa enfrentar após rever a amiga de infância que se “disfarça” de branca.
As camadas se tornam mais complexas ao decorrer do filme, casando perfeitamente com a agonia causada no espectador pela farsa de Claire, que pode ser descoberta a qualquer momento, e pelo claro desconforto que ela causa em Rene.
Ruth Negga, aliás, entrega um trabalho excepcional surfando tranquilamente entre a malandragem de sua posição, e seu desespero velado justamente por aceitar a situação absurda e psicologicamente sofrível que criou para si.
Por fim, vale dizer que esse é um filme de andamento lento, o que pode incomodar parte do público que deseja um ritmo mais acelerado e com rompantes contínuos. Cenas emocionalmente grandiosas existem, mas de maneiras pontuais, e para quem tiver paciência, valem cada minuto de espera.
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