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O Eternauta – Conheça a HQ icônica na qual a nova série da Netflix é inspirada

A série "O Eternauta" acabou de chegar à Netflix, e muitos não sabem, mas ela é baseada em uma das HQ mais aclamadas da América Latina.


Em 2025, a adaptação de O Eternauta para uma série da Netflix já está trazendo ao público global uma das mais importantes obras em HQ da Argentina, que não só conquistou gerações de leitores, mas também se tornou um símbolo cultural e político na Argentina.

Escrito por Héctor Germán Oesterheld e com arte de Francisco Solano López, O Eternauta foi publicado pela primeira vez entre 1957 e 1959 e, desde então, tem sido considerado um marco na ficção científica, além de ser uma alegoria sobre resistência, luta coletiva e resistência a opressores.

A HQ aclamada de “O Eternauta” e sua importância na história da Argentina

O eternauta história em quadrinhos

Atenção, pode conter alguns spoiles da trama da série.

Tantos na HQ quanto na série, a história de O Eternauta começa de maneira simples, mas logo se transforma em um enredo épico e de grande profundidade.

Em Buenos Aires, uma nevasca mortal atinge a cidade, exterminando toda a vida em poucas horas. Os sobreviventes, liderados por Juan Salvo, um quadrinista que narra a história, precisam lutar não apenas contra o fenômeno natural, mas também contra a ameaça invisível que toma o controle de Buenos Aires.

Ao longo da trama, Juan e seus aliados enfrentam inimigos surpreendentes, como insetos gigantes e seres humanos transformados em “homens-robôs”, tudo sob a supervisão de uma força alienígena conhecida apenas como Los Ellos.

Apesar de seu enredo inicialmente parecer uma história clássica de ficção científica, O Eternauta vai muito além disso.

O eternauta HQ

A obra trabalha com a construção de um “herói coletivo”, onde não há um único protagonista, mas um grupo de pessoas que lutam juntas para sobreviver e resistir à opressão. Essa abordagem, inovadora para a época, refletia as ideias de Oesterheld sobre a importância da união e da coletividade em tempos de crise, um conceito que se tornaria ainda mais evidente em suas obras posteriores.

A HQ também é uma reflexão crítica sobre os regimes autoritários que dominavam a Argentina na época da publicação.

Embora no início a obra não tivesse um viés ideológico explícito, as versões seguintes de O Eternauta tornaram-se mais politizadas, especialmente quando Oesterheld começou a se envolver com movimentos contrários ao regime ditatorial da Argentina (de 1976-1983). A obra passou a ser interpretada como uma crítica direta à repressão e à censura, além de abordar a luta contra o imperialismo e a exploração da América Latina.

Ao longo dos anos, O Eternauta tornou-se um símbolo da resistência contra a opressão política, sendo adotado por movimentos sociais e até mesmo usado como um ícone nas manifestações contra os regimes militares.

Durante esse período, o próprio autor, Oesterheld, se envolveu ativamente com a militância política e foi sequestrado pelo regime em 1977, infelizmente se tornando uma das milhares de vítimas, desaparecendo sem deixar vestígios.

A série da Netflix e a influência contínua

Agora, em 2025, O Eternauta sai um pouco da HQ e ganha uma nova vida com a adaptação para a Netflix. A série é estrelada por Ricardo Darín, um dos atores mais renomados da Argentina, e dirigida por Bruno Stagnaro, conhecido por suas produções de sucesso como a minissérie Okupas.

A adaptação tem o desafio de manter a essência da HQ, enquanto atualiza a história para os tempos modernos. A crítica à exploração, à opressão e aos abusos de poder, temas que marcaram a versão original de O Eternauta, ainda são extremamente relevantes nos dias de hoje, o que torna a adaptação um projeto de grande importância.

Ao mesmo tempo, a série abre um novo capítulo para a obra que, apesar de sua popularidade, teve várias tentativas frustradas de adaptação no cinema, muitas delas devido aos altos custos de produção.

Finalmente, com a produção da Netflix, O Eternauta terá a chance de ser compartilhado com uma audiência global, mantendo seu impacto cultural, mas também oferecendo uma nova perspectiva sobre a história, em uma era em que os temas de resistência e coletividade continuam essenciais.

Formada em Marketing e pós-graduada em Literatura, é uma apaixonada por romances "baratos", amante de filmes e séries de ficção científica e que decidiu que a terceira trilogia de Star Wars nunca existiu.