Quem é Elena Ferrante? Autora de “A Vida Mentirosa dos Adultos” é um grande mistério atual. Entenda.

A Vida Mentirosa dos Adultos, que chegou na última quarta-feira (5) na Netflix, é a adaptação em série de um famoso best-seller homônimo lançado em 2019 pela autora italiana, Elena Ferrante.

Na história, Ferrante desenrola um interessante drama familiar, onde a adolescente Giovanna e o foco. Após ser chamada de feia pelo próprio pai e comparada à tia renegada, a jovem decide ir atrás da parente desconhecida. A partir daí, uma jornada de autoconhecimento, quebras de expectativas e amadurecimento é iniciada.

Elena Ferrante se tornou famosa no meio literário devido a suas profundas histórias sobre questões existenciais potentes, sempre tendo mulheres complexas no centro. O que poucas pessoas podem saber é que, apesar do nome e nacionalidade, quase tudo mais sobre a famosa escritora é um grande mistério.

Quem é Elena Ferrante?

Elena Ferrante é na verdade um pseudônimo utilizado por um autor(a) italiano desconhecido, que escolheu permanecer no anonimato por acreditar que a escrita é quem precisa de atenção.

A autora lançou seu primeiro livro em 1992, enquanto sua segunda obra foi publicada apenas em 2002, década em que passou a ser traduzida para outras línguas.

Foi apenas em 2011, no entanto, com o lançamento de A Amiga Genial, que Ferrante alcançou posições entre livros mais vendidos. O livro foi o primeiro de uma saga conhecida como Série Napolitana, composta por quatro livros e que se tornou o marco da escrita da autora.

A partir daí um movimento conhecido como “Febre Ferrante” iniciou em todo o mundo, com os livros da autora vendendo muito e sendo amplamente comentados.

Com isso, não demorou muito para que as especulações por sua identidade real fossem iniciadas.

Ferrante foi investigada de maneiras curiosas

Desde que seu livros se tornaram um fenômeno e passaram a ser adaptados para telas (A Filha Perdida/ A Amiga Genial/ A Vida Mentirosa dos Adultos) Ferrante concedeu algumas entrevistas ao longos dos anos, porém, sempre por e-mail.

Assim, tirando seus editores, ninguém mais conhecia a identidade da autora.

Sobre se manter nas sombras, em uma entrevista concedida à Vanity Fair, ela explicou sua decisão dizendo:

“Eu simplesmente decidi de uma vez por todas, há mais de 20 anos, me libertar da ansiedade da notoriedade e da vontade de fazer parte daquele círculo de pessoas bem-sucedidas, aquelas que acreditam ter vencido sabe-se lá o quê. Este foi um passo importante para mim. Hoje sinto, graças a esta decisão, que ganhei um espaço só meu, um espaço livre, onde me sinto ativa e presente. Abandoná-lo seria muito doloroso.”

Apesar da vontade de Ferrante, na década passada vários jornalistas foram em busca de pistas sobre quem a autora realmente era.

Na Itália, a Universidade La Sapienza de Roma iniciou um estudo de para comparar as obras da autora com a de outros conhecidos escritores italianos. A ideia era identificar o estilo de escrita, e com isso, tentar descobrir pistas que pudessem revelar sua identidade.

O algoritmo acabou dando resultado e identificou diversas semelhanças entre o trabalho da autora com o do escritor Domenico Starnone.

Em 2016, no entanto, um trabalho mais “conclusivo” colocaria uma luz maior sobre a pessoa real por trás de A Vida Mentirosa dos Adultos.

Identidade descoberta?

Em 2016, o jornalista investigativo Claudio Gatti publicou um artigo polêmico onde dizia ter descoberto quem, afinal, é Elena Ferrante.

Segundo o jornalista, Domenico Starnone não era o verdadeiro nome por trás do pseudônimo da autora, mas sim sua esposa, a tradutora Anita Raja.

Algumas das pistas que levaram Gatti a sua suposta descoberta é que Raja trabalha como tradutora para a mesma editora italiana em que Ferrante publica seus livros, desde os anos 90.

Para além disso, no entanto, as táticas usadas pelo jornalista para “descobrir a verdade” foram mais questionáveis, já que ele passou a investigar as contas bancárias de Raja depois que informações sigilosas da editora vazaram após um ataque racker.

Segundo Gatti, ao seguir os pagamentos da tradutora, ele descobriu algumas propriedades de auto valor adquiridas em Roma e na Toscana. Assim, como supostamente esse valores não seriam compatíveis ao trabalho de uma “simples” tradutora, o jornalista concluiu que se tratava de dinheiro devido a Elena Ferrante.

Após a publicação, no entanto, o jornalista foi duramente criticado por não respeitar a privacidade de Ferrante, tanto por leitores, quanto por outros profissionais da escrita.

Para além disso no entanto, cabe dizer que a suposta revelação de Gatti nunca foi confirmada por Ferrante, Raja ou editores.

Dessa forma, para todos os fins, a identidade de Elena Ferrante ainda é um mistério não confirmado.

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