Sandman | Epidemia de sono REAL inspirou a série da Netflix. Saiba mais.
Doença do sono gerada pela prisão do protagonista em "Sandman" é inspirado em uma triste epidemia que atingiu o mundo no século passado.
A tão aguardada adaptação de Sandman já está na Netflix e uma das coisas que tem chamado a atenção das pessoas é a misteriosa doença do sono que atinge a humanidade após os acontecimentos do primeiro episódio.
Na série, a doença é explicada como sendo uma consequência do aprisionamento do Senhor dos Sonhos, Morpheus, em 1916. No entanto, esse fato não é fruto da pura criatividade do criador da história, Neil Gaiman.
O escritor e produtor da série se inspirou em uma curiosa epidemia do sono que atingiu o mundo na mesma época do início da história. Essa epidemia, aliás, já foi tema de um famoso filme indicado ao Oscar nos anos de 1990.
Confira detalhes dessa história real que acabou inspirando a passagem tão importante na narrativa de Sandman da Netflix.
Uma doença do sono que surgiu no século XX
Na série Sandman, acompanhamos a narração do protagonista sobre os distúrbios do sono que atingiram milhões de pessoas após sua prisão na Terra.
Na vida real, em meio a Primeira Guerra Mundial, entre o final de 1916 e início de 1917, uma enfermidade incapacitante começou a atingir diversas pessoas ao redor do mundo misteriosamente.
Sua origem não era conhecida, mas seus sintomas eram de febre, fraqueza física e sonolência que em pouco tempo se desenrolavam em perda de movimentos e diferentes graus de consciência.
Entre todos os atingidos, o principal sintoma era o abandono físico em um sono profundo de onde eles raramente acordavam.
Em 1920, foi dada à doença o nome de encefalite letárgica, pois apesar de não entender as causas, os médicos sabiam que se tratava de uma inflamação do cérebro.
Estima-se que por volta de 6 milhões de pessoas possam ter sido vítimas da encefalite letárgica, em que mais de 1 milhão acabou morrendo, e mais de 4 milhões permaneceram em estado catatônico.
Na série da Netflix, a doença do sono só é superada quando Sonho é libertado, já nos dias atuais. Na vida real, epidemia estranha durou até 1927, quando enfim parou de fazer novas vítimas, mas permaneceu nas sequelas daqueles que sobreviveram.
As vítimas que permaneceram após 1927
Após 1927, apesar de a doença ter sumido de forma tão misteriosa quanto surgiu, milhões de pessoas permaneceram no estado letárgico em que ela os colocou.
Assim como a personagem Unity Kincaid que aparece em vários momentos da série morando em uma espécie de hospital enquanto permanece sem consciência, a maior parte dos sobreviventes da letargia encefálica também se tornaram pacientes permanentes de instituição médicas.
Por falta de documentações clínicas da época, não se sabe exatamente quais tratamentos foram experimentados nessas pessoas, muito menos de que formas elas eram cuidadas.
Infelizmente, dado o fato de que vários desses pacientes permaneceram no estado de sonolência ou catatonismo durante décadas, é provável que muitos deles tenham sido abandonados pela família nesses hospitais.
Isso nem sempre pode ter sido motivado por descaso, mas também por que, assim como Unity, pais, mães e outros parentes próximos podem ter falecido antes de uma possível recuperação do enfermo.
Outro pensamento triste que surge dessa cruel passagem da história, é que não se sabe quantos desses pacientes podem ter sofrido variados tipos de abusos (também como Unity) em locais menos éticos enquanto permaneceram na inconsciência.
O “Tempo de Despertar” dos anos 1960
Após mais de 30 anos desde o desaparecimento da doença, muitos doentes permaneciam no mesmo estado desesperador.
Foi em 1969 que o médico Oliver Sacks, encontrou uma ala em um hospital de Nova Iorque com mais de 80 pacientes diagnosticados, décadas antes, com a encefalite.
Sacks se interessou pelos casos, até então mal conhecidos pela medicina, e decidiu tentar tratamentos com novas drogas. Sua experiência acabou tendo resposta surpreendente e a maior parte dos pacientes em estados mais graves, voltaram a ter seu controle físico e mental.
Infelizmente o efeito do tratamento não foi permanente, e em pouco tempo os pacientes acabaram retornando à letargia.
Apesar do “fracasso” do tratamento de Sacks, sua experiência é tida como uma das mais importantes para a medicina, já que permitiu um conhecimento muito maior da doença.
Sacks registrou suas descobertas no livro Awakening, primeiro registro clínico oficial e amplo sobre a encefalite letárgica que despertou mais curiosidade, e pesquisas sobre a doença ao longo das décadas.
O livro foi usado como base para o filme Tempo de Despertar, protagonizado por Robin Willians e Robert De Niro que recebeu três indicações ao Oscar de 1990.
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E você, já conhecia a história real da doença do sono que aparece em Sandman? O que está achando da série?
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