Por que “Se a Vida te der Tangerinas” está sendo considerada o “acontecimento do ano” na dramaland?
"Se a Vida te Der Tangerinas" é uma das melhores produções do ano, mas por que esse dorama é tão diferente?
Lançado pela Netflix em março de 2025, Se a Vida te Der Tangerinas chegou de mansinho, mas logo tomou conta das redes sociais, das rodas de conversa entre dorameiros e dos rankings de popularidade.
Criado por Kim Won-suk (My Mister) e escrito por Lim Sang-choon (Para Sempre Camélia), o drama se passa na Ilha de Jeju e acompanha, por mais de cinco décadas, a vida de Oh Ae-sun (IU) e Yang Gwan-sik (Park Bo-gum), personagens que vivem um amor profundo — mas longe de ser um clichê.
Apesar da premissa aparentemente romântica, o dorama logo revela sua proposta mais ampla: refletir sobre perdas, maternidade, envelhecimento, desigualdade de gênero e a importância da comunidade na superação das dores da vida.
Se a Vida te Der Tangerinas se tornou o dorama mais querido do ano até agora

É raro um K-drama receber tamanha aclamação já nos primeiros episódios — mas foi exatamente o que aconteceu aqui.
Com quatro episódios lançados semanalmente às sextas, Se a Vida te Der Tangerinas logo se firmou como um dos maiores sucessos do catálogo da Netflix em 2025. E não por conta de reviravoltas mirabolantes ou romances de contos de fadas.
O que mais tocou o público foi justamente a simplicidade e a humanidade da história.
A atuação de IU como a protagonista Ae-sun impressiona. A atriz entrega camadas complexas da personagem, passando por todas as fases, da adolescência à maturidade apresentando mudanças muito bem construídas e genuínas.
Já Park Bo-gum, no papel de Gwan-sik, convence como o homem silenciosamente devoto, cuja presença constante sustenta não só Ae-sun, mas toda a narrativa.
A série também surpreende por fugir dos clichês clássicos dos dramas românticos coreanos.
Nada de herdeiros milionários ou amores impossíveis por conta de classes sociais. Aqui, o conflito vem da vida real: perda dos pais, dificuldades financeiras, pressão familiar e o peso das expectativas sociais.
E é justamente isso que tem feito tanta gente se identificar com a história.
História de amor e família conquistou o coração do público

No centro da trama está Ae-sun, uma jovem marcada pela dor desde cedo.
Após a morte do pai, sua mãe — uma das icônicas haenyeo da Ilha de Jeju — luta sozinha para criá-la. Mas tragédias continuam a se acumular ao longo de sua vida.
O que poderia ser uma história de lamento, no entanto, se transforma em um relato de resistência.
Gwan-sik, por sua vez, é um exemplo de constância. Desde os 10 anos de idade apaixonado por Ae-sun, ele a acompanha em silêncio, sem exigências, e se torna o esteio de sua vida.
Mas o mais bonito no enredo é que não é o amor romântico que salva a protagonista — e sim sua rede de apoio. Amigos, vizinhos e até parentes distantes formam a verdadeira “família” de Ae-sun. Há cenas memoráveis em que senhorios enchem discretamente o pote de arroz da casa, para garantir uma refeição diária à família.
Ou quando vizinhos deixam alimentos à porta sem se identificar. Esses gestos simples e invisíveis de solidariedade tocam profundamente o público.

A série também se destaca por retratar três gerações de mulheres: a avó, marcada pela rigidez dos tempos antigos; a mãe, que sacrifica seus sonhos pela família; e a filha, que representa a esperança de uma vida com mais escolhas.
A trajetória de cada uma delas mostra como o progresso só é possível quando vai evoluindo ao longo das gerações.
Se Se a Vida te Der Tangerinas está sendo chamado de “acontecimento do ano”, não é por acaso. O drama entrega emoção, amor baseado na realidade e uma narrativa que celebra a força do coletivo em tempos de dor e esperança.
É um retrato agridoce da vida — daquelas histórias que ficam com a gente por muito tempo depois que os créditos finais sobem.