A série italiana, Tudo Pede Salvação está emocionando muitos assinantes da Netflix com sua história sobre superação de um crítico declínio de saúde mental.
O que chama ainda mais a atenção para essa produção, é que ela é baseada em uma história real contada no livro autobiográfico de Daniele Mecarelli, autor que, assim como o personagem do livro, foi transformado por uma experiência em uma clínica psiquiátrica durante a juventude.
Confira a seguir detalhes da experiência que Mencarelli decidiu romancear em seu livro e na série.
A história real de Tudo Pede Salvação
Daniele Mencarelli se abriu sobre o caso de sua crise psicótica que o levou a ser internado aos 20 anos, em entrevista ao portal LUZ.
Segundo o autor, até a idade em que foi internado, ele tentava seguir os passos de seu pai e irmão, e por isso, decidiu largar a universidade e encontrar um emprego qualquer que lhe pagasse bem.
O emprego no caso, era como vendedor de ar-condicionados, e foi justamente em uma dessas vendas que seu surto aconteceu.
O autor conta que estava na casa de dois clientes idosos quase fechando a venda de mais um aparelho, quando um homem de uns 40 anos saiu de um dos quartos e agia como uma criança. O homem havia sofrido um acidente de carro e passado um longo tempo em coma, por isso sua atitude estranha.
Presenciar tal falta de sentido de vida em um ser adulto como aquele, foi demais para o Daniele de 20 anos que se viu quase que representado já que também não via sentido na própria vida.
Foi aí que iniciou a espiral de raiva e de abuso de drogas que levou sua família a interná-lo para tratamento obrigatório em 1994, e assim como o personagem da série, o Daniele da vida real também ficou 7 dias convivendo com médicos e outros pacientes.
Mencarelli contou que na época em que foi internado, seu uso de substâncias vinha de uma grande necessidade de amenizar as enormes questões existenciais que carregava e não conseguia encontrar respostas.
Eu estava fugindo de uma quantidade insuportável de perguntas nessa idade, e a substância domou essas perguntas. Paradoxalmente, para quem vive dentro de si um excesso – de perguntas, de dor – a substância atua inicialmente como medida, como mediação.”
Por sorte, o autor admite que sua família salvou sua vida ao decidir interná-lo mesmo contra sua vontade, e que muitos de seus medos e desconfianças para com a vida e as pessoas, acabou sendo superado durante aqueles 7 dias, especialmente pelo apoio que recebeu de outros pacientes.
Durante séculos parece que para se mostrar culto e elegante você deve sempre dizer que é maravilhoso conhecer aqueles que são diametralmente opostos e diferentes de você.[…]Mas uma coisa não deve ser esquecida: nos sentimos reconhecidos e acolhidos quando sentimos que no outro há uma parte ainda mais concreta do que nem mesmo sabíamos sobre nós mesmos. É isso que desencadeia a amizade, e foi o que aconteceu comigo com esses cinco companheiros de viagem.” disse o autor.
Mencarelli continuou sua jornada de autodescoberta e aceitação após receber alta, e segundo ele, mesmo hoje, quase 30 anos depois, ele continua nesse caminho.
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Fonte: Luz
