Assustadoramente realista, série espanhola vai te fazer refletir sobre o futuro com uma das melhores ficções científicas de 2020
Poucas séries tem o dom de carregar o espectador para dentro de suas narrativas, mas esse é exatamente o caso de "Zona de Separação".
Situações de crise por vezes são usadas como justificativa para o oportunismo humano, especialmente daqueles a quem o poder é entregue e que nunca parecem prontos para abrir mão da regência.
Não são poucos os exemplos na história onde o desespero da sociedade fez com que autoridades armadas se vissem no direito de tomar as rédeas da situação. E como sempre, a “segurança”, a “proteção” e a “ordem” são repetidas como uma ladainha com o intuito de convencer as massas de que todo e qualquer excesso cometido, “garante o bem-estar social”.
Há décadas o cinema e a TV são mestres em adaptar, e por vezes prever, tendências mundiais que podem afetar diretamente a sociedade. Dessa forma, regimes autoritários, do passado ou do futuro, frequentemente são temas dessas produções.
The Handmaid’s Tale choca o público com seu ficcional governo autoritário que subjuga mulheres, desde 2017. Já o filme O Expresso do Amanhã (que mais tarde se tornou série da Netflix) já em 2013 mostrava como pessoas sem recursos poderiam ser tratadas caso o mundo passasse por uma espécie de apocalipse.
Esses dois exemplos de produções já são bastante assustadores, pois tocam em pontos da realidade que, de alguma forma, estão próximos ao que vemos todos os dias nos noticiários. Mas após a pandemia pela qual todos passamos nos últimos anos, uma produção distópica da Netflix acabou se destacando.
Zona de Separação pode até não ter alcançado os níveis de popularidade das citadas acima, mas tem em sua narrativa todos os elementos capazes de gerar reflexões profundas. Assim, espere pensar mais sobre os abusos de poder que usam o pretexto da “segurança”, a ampliação dos abismos sociais entre classes, e as tendências de surgimento de novas doenças e vírus em casos de não intervenção imediata na crise de sustentabilidade que já dá indícios de suas consequências ao redor do mundo.
Um futuro assustador e que não parece ter vida apenas na ficção
Se Zona de Separação tivesse sido lançada há uma década, certamente ela não teria o mesmo impacto que pode gerar em um espectador que vai conferi-la agora.
Nessa história, após frequentes crises por recursos naturais e territórios, a Terceira Guerra Mundial destruiu a sociedade como se conhecia.
A Espanha fechou o parlamento, e um governo autoritário assumiu o país com a suposta missão de devolver a ordem e conter os crescentes casos de doenças transmissíveis que vem fazendo milhares de vítimas.
Vinte e cinco anos após isso, no entanto, a sociedade parece ainda mais quebrada, e foi dividida por uma cerca. De um lado está a população geral, miserável, com recursos como água e comida racionados, e sendo frequentemente abatida por militares que abusam de sua autoridade quase que como regra.
Do outro lado vivem os membros do governo, e as classes mais abastadas que se beneficiam de recursos refinados, e que ao contrário dos pobres, não lidam com a truculência policial de modo direto.
Em meio a tudo isso, um vírus perigoso e mortal ainda ameaça a sobrevivência de todos, e crianças passam a ser sequestradas pelo governo.
Densa, pesada e profunda, a narrativa de Zona de Separação é uma das mais interessantes e inteligentes presentes atualmente na Netflix. E não, não é um exagero dizer que essa foi sim uma das melhores produções lançadas em 2020.
Com pandemias batendo a nossa porta, e países considerados de primeiro mundo declarando guerra à vizinhos atualmente, não é nenhum pouco difícil se imaginar na ficção dessa história.
Ainda assim, vale deixar a aflição de lado e dar uma chance a essa história de apenas uma temporada cheia de qualidade e assuntos relevantes.
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E você, já tinha ouvido falar nesse título da Netflix? Conta para gente aqui nos comentários!
