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Polêmico e até banido – Conheça “Para Sempre”, livro que inspirou nova série da Netflix

"Para Sempre" acaba de estrear na Netflix, mas o que algumas pessoas podem não saber é que a série é baseada em um livro que causou polêmica.


Muito antes de inspirar a nova série da Netflix, Para Sempre já era um livro desafiador na história da literatura juvenil americana. Publicado em 1975, sob o título original Forever…, o romance de Judy Blume enfrentou censura, debates acalorados e virou um verdadeiro rito de passagem secreto para gerações de adolescentes.

Com uma narrativa direta sobre amor jovem, desejo e autonomia, a obra que muitos esconderam nas mochilas ou leram às escondidas permanece atual — e, para alguns, ainda provocativa.

Há 50 anos Para Sempre era lançado gerando polêmicas

Considerando a literatura new adult atual, a verdade é que Para Sempre não daria tanto pano para a manga, mas na  época de seu lançamento, o livro quebrou paradigmas ao retratar a primeira relação sexual de uma jovem de forma franca, sem castigo moral nem finais trágicos.

Katherine, a protagonista, conhece Michael em uma festa de Ano Novo. Os dois iniciam um namoro que avança aos poucos: passeios, beijos, toques — até que o sexo se torna parte do relacionamento.

O que chocou tanto o público da época foi a forma como isso foi retratado: com consentimento, afeto e informação. A protagonista conversa com a avó sobre anticoncepcionais, vai ao médico e começa a tomar pílula. Um cenário “revoltante” para os conservadores.

Além do sexo em si, o livro aborda orgasmo feminino, prazer mútuo, entre outros assuntos que, para a década de 70, eram considerados um escândalo.

O mais impressionante é que, ainda hoje muita gente se choca com o conteúdo: o livro entrou na lista dos mais banidos dos Estados Unidos por duas décadas seguidas e segue sendo removido de escolas até hoje.

Em 2024, foi vetado em escolas de Utah e Texas, sob alegações de “conteúdo sensível” ou “influência sobre questões de identidade de gênero”.

Mas o que incomoda em Para Sempre não é o sexo em si, e sim a ausência de culpa.

Katherine não engravida, não adoece, não “paga o preço” por explorar sua sexualidade. Esse retrato honesto do desejo feminino e da autonomia juvenil foi visto como um ataque à moral tradicional, especialmente por grupos religiosos e conservadores.

Ainda assim, a influência da obra permanece. Reconhecida por leitores e críticos, ela entrou em 2019 na lista da BBC dos 100 romances mais importantes da história e é considerada uma das precursoras da literatura new adult moderna, por tratar adolescentes como pessoas capazes de tomar decisões complexas.

Clássico ganha cara nova na Netflix

Em 2025, Para Sempre, a série lançada pela Netflix, traz um olhar atualizado sobre os mesmos temas, mas com outras camadas.

Agora, os protagonistas são jovens negros vivendo em Los Angeles, lidando não apenas com o primeiro amor e o início da vida sexual, mas também com o racismo, as expectativas familiares e as pressões sociais.

A roteirista Mara Brock Akil, conhecida por seu trabalho em comédias e dramas com foco na experiência negra, é a responsável por essa adaptação.

Embora a série tenha atualizado cenários, nomes e diálogos, a essência permanece: dois adolescentes tentando entender quem são, o que sentem e como lidar com a intensidade de seu primeiro relacionamento.

Mas quem quiser entender por que Para Sempre ainda causa tanto incômodo — e por que segue sendo lido, discutido e até escondido — precisa voltar ao livro e todas as camadas que o levaram a se tornar um clássico.

Formada em Marketing e pós-graduada em Literatura, é uma apaixonada por romances "baratos", amante de filmes e séries de ficção científica e que decidiu que a terceira trilogia de Star Wars nunca existiu.