ESSA obra prima que está na Netfix tem o potencial de MEXER com a sua vida e te fará ter OUTRO olhar sobre as relações de amizade
"O Menino do Pijama Listrado" é um filme que fica na memória e no coração de quem o assiste. Entenda o potencial modificador do longa!
Na infância, as relações de afeto sempre parecem mais fortes do que quando o ser cresce e desenvolve a inevitável “frieza” que acompanha a maturidade e o receio dos envolvimentos humanos.
Deve ser por isso que amizades feitas na infância e que sobrevivem ao longo dos anos, quase sempre assumem um lugar incorruptível na vida do adulto. Afinal, essas foram feitas em um período da vida em que a maioria das pessoas não se importa com “convenções” ou em parecer ser algo que não são de verdade.
Verdade: é isso que se encontra nas amizades feitas na infância. Entrega, preocupação genuína com o sentimento e o bem-estar do outro, e uma busca insaciável por entender como é estar na pele daquele amigo que de várias formas se parece tanto com a gente.
Muitas obras do cinema já abordaram, e ainda abordarão, as amizades sinceras que apenas crianças são capazes de fazer. Muitas, mais ainda, tornam esse tema mais emocionante e com potencial transformador quando o inserem em um contexto de guerra.
Poucas, no entanto, deixam uma marca e uma lição tão multiplamente relevante quanto O Menino do Pijama Listrado.
A obra prima do diretor Mark Herman, baseada no livro de John Boyne, é uma história visceral sobre uma amizade entre dois garotinhos que, em qualquer outro contexto, seriam iguais.
Amizade e inocência capaz de mudar a visão do espectador sobre a maldade humana
Bruno (Asa Butterfield) e Shmuel (Jack Scanlon) têm oito anos e se conhecem através da cerca de arames que separa suas realidades. Enquanto Bruno é o filho de um oficial de alto-escalão nazista, Shmuel é judeu que, junto da família, está preso no campo de concentração próximo à casa de seu novo amigo.
Bruno não entende muito como funciona o trabalho de seu pai, da mesma forma que tem dificuldades para entender porque seu novo amigo usa pijamas (uniforme) o dia todo, e não pode sair para fora da cerca.
É só quando Shmuel lhe diz que está naquele lugar por seu judeu, que Bruno entende que a amizade entre eles não poderia estar acontecendo.
E é nesse ponto da história que fica evidente o quão afiada é a intuição infantil sobre a bondade do próximo.
Bruno é ensinado todos os dias que os judeus são “pragas”, “ruins” e “culpados” por tudo de mau que já aconteceu no mundo. Ainda assim, o garotinho sente que seu amigo simplesmente não pode ser como seu professor descreve.
O pequeno menino frequentemente se compadece de Shmuel e sua rotina de “prisioneiro”, pois mesmo não tendo noção da crueldade a qual ele está exposto, no fundo ele sabe que há algo de errado.
O filme se desenrola na maior parte do tempo pelo olhar inocente das duas crianças que, no geral, tem pouca compreensão do contexto geral no qual são inseridas. E isso acaba sendo um verdadeiro soco no estômago para o espectador, já que enquanto os garotinhos discutem de forma ingênua fatos de suas rotinas, o público entende o que realmente está acontecendo nas entrelinhas.
É justamente essa percepção que faz com que esse filme seja tão impactante. Isso porque ele expõe de forma magistral até onde a lealdade de uma amizade verdadeira pode ir, ele mostra como a empatia é poderosa nos pequenos, e como a humanidade e sociedades, a depender de suas crenças, são deploráveis ao desvirtuar esse carácter naturalmente bom das crianças á medida que o ser-humano cresce.
A maldade e a intolerância não são naturais do ser. Elas são ensinadas, cultivadas e servem apenas ao interesse de alguns poucos que podem se beneficiar das consequências causadas por elas.
Bruno e Shmuel são grandes exemplos disso, e sua história coloca um holofote poderoso sobre esse fato.
O Menino do Pijama listrado é um grande, belo e triste soco no estômago, mas que desperta uma reflexão marcante que deve acompanhar o espectador por muito e muito tempo. O filme está disponível na Netflix.
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